“Eles comeram da Árvore do Conhecimento.
Devem ser expulsos, pois se repetirem a desobediência,
comendo da Árvore da Vida, o Homem se tornará um de Nós”!
Gênesis, 3-22
Por HGGRD
Peregrino, Buscador!
Este texto foi preparado para você. Ao longo das próximas linhas e parágrafos você é visto como alguém que deseja trazer o Divino para a vida cotidiana, o que constitui sempre o ideal mais elevado para alguém que pretende resolver “os últimos e angustiosos enigmas da existência”.
A natureza humana é sobretudo divina, não só física ou material. A energia vital pela qual experienciamos o EU e a autoconsciência são divinas por serem da natureza da alma. O ser humano é, portanto, uma alma vivente existindo em um organismo físico.
O estudo das Ciências Esotéricas, meditações e exercícios místicos constituem um método sistemático que nos revelará essa Natureza Divina, e permitirá a sua manifestação normal e natural em nossa vida diária.
Há uma propensão na natureza humana tendendo constantemente a captar nossa atenção para os assuntos mundanos, e é preciso esforço persistente para se direcionar o foco de nossas percepções para os aspectos mais sublimes e transcendentais da existência.
Dissemos que nossa atenção, via de regra, está focada para as coisas terrenas, e é normal que seja assim visto, posto que nossa vida obedece a uma Lei Natural que dita determinada hierarquia de prioridades para o atendimento às nossas necessidades.
Abraham Harold Maslow foi um psicólogo norte americano, conhecido pela proposta ‘Hierarquia de necessidades de Maslow’.
Ele hierarquizou na estrutura de uma pirâmide as categorias de necessidades de forma a que entendêssemos que o homem somente se elevaria aos níveis de necessidades superiores quando as de níveis inferiores já estivessem satisfeitas.
Segundo constatação do místico e Mestre Passado, o Filósofo Desconhecido, Louis Claude de Saint Martin, a humanidade se encontra constituída por quatro categorias de seres, segundo as perspectivas com que se colocam perante os enigmas e desafios da existência:
a) Os chamados “Homens da Torrente” -
Esses têm sua existência totalmente direcionada para satisfação das necessidades situadas nos níveis mais inferiores da pirâmide;
b) Ao despertar para anseios situados em níveis mais elevados, na busca de uma auto realização transcendente ao último patamar superior de Maslow, que identificamos como sendo a harmonização com a Mente Cósmica Universal – Consciência Cósmica – esta categoria se classifica como “Homens de Desejo”;
c) Ao desenrolar deste processo evolutivo, o ‘Homem de Desejo’ vai transmutando seu ser na realização do que é chamado de “Novo Homem”. Aqui sua pirâmide pessoal de necessidades já está disposta de uma forma que, supomos, teria sido inimaginável para as concepções filosóficas de Maslow;
d) Finalmente, no quarto e derradeiro estágio dessa progressão, encontraremos o ‘Homem Espírito’, aquele que percorreu o caminho de regresso à casa do Pai e, retornando ao Éden, tornou-se um “novo Adão”, regenerado e reintegrado na Unidade e no seio da Consciência Cósmica, em Unidade com o TODO.
Como poderemos compreender melhor o processo segundo o qual se dá esta jornada do Caminhante Peregrino em regresso ao Éden do qual se viu expulso por decorrência do exercício de seu Livre Arbítrio?
Entendemos o mito da queda Adâmica, não como uma transgressão voluntariosa do Homem, mas como uma afirmação de um propósito co-creativo proposto pelo próprio Creador quando, segundo nos diz o filósofo místico Huberto Rohden,
“. . . Deus creou o Homem o menos possível, para que ele pudesse se auto crear o mais possível”. Assim, o primeiro Adão/Eva mergulham em queda livre de KETHER até MALKUTH para numa atividade co-creativa, juntamente ao Creador, comer do fruto da Árvore do Conhecimento, e ESPIRITUALIZAR A MATÉRIA.
Constatamos que existem duas forças em movimento, que se atraem em sentidos opostos:
1. No sentido descendente, impulsionada pelo AMOR, a VONTADE DIVINA move a INTELIGÊNCIA CÓSMICA em direção ao baixo nível de CONSCIÊNCIA HUMANA, que se encontra submersa na matéria, mergulhada em um CORPO PSÍQUICO e FÍSICO:
2. No sentido ascendente, o HOMEM, como imagem e semelhança de Deus, tem sua CONSCIÊNCIA atraída pela sua ‘contraparte superior’, manifestando-se então o movimento que faz O HOMEM À PROCURA DE DEUS.
O ‘canal’ por onde devem fluir essas energias mutuamente atrativas é identificado como o Processo Iniciático. É aqui que através de dramatizações e alegorias simbólicas a consciência humana amplia seu nível de percepção e de compreensão das Leis Naturais, Divinas e Cósmicas.
Quando a atração exercida pelo movimento Divino descendente tangencia, num ponto de encontro, o movimento humano ascendente, o ‘Homem da Torrente’ busca a Iniciação Ritualística que o transmutará num ‘Homem de Desejo’.
Neste ponto de encontro, vértice dos dois Triângulos, a consciência humana (a Luz Menor), pela meditação sobre a linguagem dos símbolos, pelo despertar das emoções mais sublimes aguçadas pela vivência dos Rituais, tem um ‘vislumbre’ do que possa vir a ser A LUZ MAIOR. A partir desse momento, é introduzida em sua “pirâmide de necessidades” aquela de estar em comunhão com a Divindade, se conscientizando de que não é um corpo que possui uma alma, mas, sim, uma alma, imagem e semelhança de Deus, que habita temporária e transitoriamente ‘possuindo’ um corpo.
(Neste ponto é altamente recomendável que se estude e medite sobre o conteúdo do artigo descrito em https://www.crcsite.org/pt/home-pt/elementos-introdutorios-da-iniciacao)
A jornada do Peregrino é longa e árdua, e para os parâmetros da finitude de sua óptica humana, parece não ter fim. Mas a história de vida de muitos personagens e Mestres do Passado nos assinala que as coisas não são bem assim, e que a INICIAÇÃO RARA se encontra factível para aqueles que se dedicam com vigor, empenho, sinceridade e pureza de propósitos à sua consecução. Sobre este tipo de Iniciação recomendamos também o excelente texto registrado em https://www.crcsite.org/pt/home-pt/iniciacao-rara.
Durante o percurso deste trajeto vamos nos deparar com três fases, que poderemos identificar nos valendo de alguns exemplos sobejamente conhecidos por todos:
a) SOCIAL
Na vivência desta fase vamos encontrar Moisés (indivíduo) vivendo na corte do Faraó do Egito. Coletivamente, veremos o povo hebreu na vivência da escravidão. Deparamos com esses símbolos que nesta fase vamos encontrar o indivíduo vinculado à satisfação dos níveis primários de necessidades, o apego às vaidades de uma vida materialista e luxuosa na corte de um monarca, e um povo escravizado à uma materialidade destituída de propósitos mais nobres;
b) SOLITÁRIO
Moisés se vê desterrado da corte do Faraó e vaga só pelo deserto até encontrar Jetro, seu Iniciador, de quem recebeu os Arcanos da Tradição Lemuriana, visto já deter os Arcanos da Tradição Atlante, os quais lhes haviam sido transmitidos por seus depositários, os Sacerdotes das Escolas Egípcias de Mistérios.
Realizando uma síntese dialética destes Arcanos, Moisés vai consolidar as bases do que viriam a ser os Arcanos da Tradição Esotérica do mundo Ocidental, estruturada nos fundamentos da Torá, da Cabala Judaica e, posteriormente, do Gnosticismo Cristão.
Também Jesus, o Cristo, nos dá exemplo desta fase ao se retirar por quarenta dias para meditar e jejuar no deserto e montes da Galileia.
Coletivamente, vamos encontrar o povo hebreu no Êxodo, por quarenta anos vagando no deserto dos arredores do Monte Sinai.
c) SOLIDÁRIO
Moisés deixa para trás a vida familiar na casa de Jetro e regressa ao Egito para libertar o povo hebreu. Coletivamente, este povo abandona a vida de servidão e, sob a liderança do Iniciado e Iniciador Moisés, enfrentará as agruras do deserto em busca da libertação – a terra prometida.
Peregrinos dessa jornada, nós, nos dias de hoje, vivenciamos a fase social imersos em atividades profanas voltadas a suprir as necessidades básicas de nossa vida material. Para as necessidades da vida mística, nos associamos em Lojas, Heptadas, Grupos de Estudos, onde compartilhamos conhecimentos, descobertas e experiências. A fase solitária de nosso progresso na senda se dá ao abrigo de nosso ‘Oratório Martinista’, ou ‘Sanctum Rosacruz’, onde nossa consciência busca encontrar abrigo num ambiente harmonioso e isolado desse mundo turbulento e de discórdias. A fase solidária é desenvolvida por nosso engajamento nos Projetos das Comendadorias da OMCE, ou nos trabalhos maçônicos, ou através de filiação a outros vínculos de natureza religiosa ou organizações de benemerência.
E prosseguimos assim, conscientes de que:
Apenas o redento pode ser remido.
Apenas o remido pode ser redentor.
Só o Iniciando pode ser iniciado.
Só o Iniciado poderá vir a ser iniciador!