Andrew Tomas (1906–2001) foi uma figura singular que uniu a Ufologia e a espiritualidade, desafiando a percepção de que esses domínios são mutuamente exclusivos. Sua abordagem integrativa resultou em uma defesa apaixonada pela paz mundial, entrelaçando sistemas de crença aparentemente divergentes.
Nascido na Rússia, Andrew Tomas deixou sua terra natal após a revolução bolchevique, estabelecendo-se na China devido ao trabalho de seu pai.
Tomas conheceu Nicholas Roerich em Xangai em 1935, mesmo ano em que publicou "The Planetary Doctrine". Roerich, um pintor, escritor, arqueólogo e teosofista russo, foi percebido como um 'iluminador' e figura pública influente, dedicado à preservação da arte e arquitetura em tempos de guerra. O encontro com Roerich marcou um ponto crucial na vida de Tomas, que o referiria reverentemente como seu Mestre.
Treinado como artista e advogado, Nicholas Roerich era um ativista dedicado à preservação da arte e da arquitetura durante tempos de guerra, recebendo várias indicações ao Prêmio Nobel da Paz. Entre suas realizações mais notáveis estava o Pacto Roerich, que foi promulgado pelos Estados Unidos e pela maioria das nações da União Pan-Americana em abril de 1935. Andrew Tomas passou a elaborar um pacto próprio. Em março de 1958, como secretário e organizador do Comitê Organizador Internacional do Pacto Planetário, ele enviou um rascunho do pacto às principais agências de notícias do mundo.
Dois anos antes, Tomas publicou um folheto de 48 páginas em Sydney, intitulado "Signs, Stars and Seers - An Experiment in Historical Prediction" (Sinais, Estrelas e Videntes - Uma Experiência em Previsão Histórica). No livro, ele afirmou ter emitido avisos ignorados a líderes como Hitler, Mussolini e Hirohito em 1935, através de embaixadas na China, alertando sobre a loucura da guerra. Tomas também afirmou ter proposto um projeto para estabelecer relações culturais amigáveis entre a URSS, EUA e Reino Unido após a derrota do Japão, antes mesmo da Guerra Fria. Embora o projeto não tenha sido adotado, Tomas sentiu que sua missão em prol da paz mundial havia sido cumprida. O folheto continha a advertência sinistra: "Se os governos nacionais ignorarem este último aviso, motivados pelo desejo de salvar este planeta da destruição e a humanidade da auto-aniquilação, eles terão que suportar toda a responsabilidade por se opor à Lei Cósmica da Unidade."
Em 1948, teve de fugir novamente, desta vez das convulsões sociais causadas pela expulsão dos nacionalistas chineses por Mao Tse Tung. Tomas então se dirigiu para a Austrália, onde passou a maior parte de vinte anos, residindo sucessivamente em cada uma das capitais do continente.
Curiosamente, Tomas, um pacifista dedicado, foi criticado por suas origens étnicas. Em parte, talvez devido ao seu lobby junto a políticos e figuras públicas para promover sua agenda de paz, baseada na 'doutrina da paz' inspirada por Shambhala, desenvolvida duas décadas antes em seu livro "Planetary Doctrine". Em outra parte, porque, na década de 1950, onde macartismo atingiu seu auge na Austrália, mesmo indivíduos não simpatizantes do comunismo, como Andrew Tomas enfrentavam vigilância das agências de inteligência.
Nessa mesma década, enquanto estava envolvido na organização da filial australiana da Australian Flying Saucer Research Society (AFSRS), Andrew Tomas enfrentou suspeitas por alguns membros e foi rotulado de "russo branco".
Diante de toda essa situação, Tomas optou por solicitar uma mudança de nome de seu nome russo, A. Boncza-Tomaszewski.
Em 1954, Andrew Tomas conheceu Edgar Jarrold, escritor de mistério e diretor do primeiro grupo público de discos voadores na Austrália. Tomas compartilhou com Jarrold seu livro de 1935, "The Planetary Doctrine", publicado em Xangai, China. O destaque foi para a passagem que mencionava avistamentos misteriosos nas alturas do Himalaia, sugerindo a possibilidade de comunicação interplanetária.
Na última edição da Revista Australiana de Discos Voadores de Jarrold, em fevereiro de 1955, Tomas foi destaque com o artigo "Are you ready for a planetary crash?" (página 7). Nele, Tomas compartilhou histórias fantásticas dos "Irmãos do Espaço", que lhe revelaram informações sobre discos voadores, mensagens do espaço e decretos cósmicos. Ele encorajou a reflexão sobre as estrelas, incentivando a busca por uma utopia livre de ódio e guerras, embora tenha alertado para um possível sinal vermelho nos céus, indicando uma colisão planetária iminente.
Em 1958, Andrew Tomas, como secretário e organizador do Comitê Organizador Internacional do Pacto Planetário, elaborou seu próprio pacto em busca da paz mundial. Ele enviou um rascunho do pacto às principais agências de notícias em março daquele ano, em busca de conscientizar o mundo sobre a importância da unidade global.
O livro "Shambhala: Oásis de Luz", publicado em 1977, representa talvez o legado mais duradouro de Tomas. Nele, descreve sua jornada ao Himalaia, onde recebeu sabedoria de um lama tibetano em um mosteiro e uma iluminação durante uma iniciação em uma caverna secreta. Tomas conecta mistérios do Oriente e do Ocidente, unindo tradições como Buda e Jesus, Essênios e Templários, e explorando a influência de movimentos como o Rosacrucianismo, a Maçonaria e a Teosofia. Ele apresenta evidências tibetanas sobre a existência de Shambhala, um reino oculto que, segundo Tomas, guia a humanidade rumo à nova era de Homo Noeticus. O autor emite advertências sobre calamidades iminentes, mas mantém otimismo para o futuro.
Finalizando, Tomas compartilha previsões da tradição tibetana Kalachakra em seu livro, incluindo o encontro de Shambhala com desafios e a vitória sobre as forças do mal, culminando na Era Perfeita. Estas previsões, segundo Tomas, foram feitas muitos séculos antes da descoberta de avanços como vapor, aviação, física nuclear ou astronautica.
A vida e obra de Andrew Tomas representam uma fusão única entre Ufologia, espiritualidade e a busca incansável pela paz mundial, marcando sua contribuição distinta para a compreensão interconectada do cosmos e da humanidade.
UFO Investigation Centre, 1957
Andrew Tomas (segundo a partir da esquerda) com colegas ufólogos de NSW