JOHN DEE (1527-1608/1609): UMA VIDA MULTIFACETADA ...
Educação e Contribuições Acadêmicas:
Instruído e talentoso, Dee lecionou na Universidade de Paris antes dos 30 anos.
Destacou-se como matemático, astrônomo e geógrafo, contribuindo significativamente para o conhecimento científico de sua época.
Papel na Corte de Elizabeth I:
Serviu como conselheiro particular da rainha Elizabeth I, mostrando sua influência na corte.
Interesses e Habilidades Diversas:
Além de suas proezas acadêmicas, Dee era um colecionador entusiástico de livros e manuscritos.
Dedicou grande parte de sua vida à alquimia, adivinhação e filosofia hermética, refletindo sua fascinação pela magia e pelo ocultismo.
Visão Profética:
Surpreendentemente, Dee previu várias invenções futuras, como o microscópio, telescópio, navios a motor, automóveis e máquinas voadoras.
Contribuições à Navegação e Exploração:
Dee não apenas era um astrônomo respeitado, mas também um perito em navegação, treinando muitos exploradores ingleses.
Sua influência foi vital para as viagens exploratórias da Inglaterra.
Dualidade de Interesses:
Dee não via contradição entre suas atividades científicas e místicas; para ele, eram aspectos complementares de uma visão de mundo consistente.
Conflitos e Perseguições:
Sob o governo da católica de Mary Tudor, Dee, quase foi queimado na fogueira como herege e um 'conjurador, invocador de demônios' .
Sua casa em Mortlake foi invadida, e sua biblioteca saqueada por aqueles que o consideravam um praticante de magia negra.
Vida Final Devotada à Filosofia Hermética:
A última parte da vida de Dee foi dedicada quase exclusivamente ao estudo da filosofia hermética e da chamada magia angélica.
UMA BREVE CRONOLOGIA DE SUA VIDA ...
Ele se dedicou intensamente às pesquisas do oculto, tendo um interesse especial em Alquimia. Dee estudou na Escola Chelmsford Chantry – de 1543 a 1546 – St. John’s College, em Cambridge. Suas grandes habilidades foram logo reconhecidas, e foi aceito entre os membros fundadores do Trinity College de Cambridge. No fim da década de 1540 e no começo da de 1550, ele viajou pela Europa, estudando em Louvain e em Bruxelas e lecionando em Paris. Estudou com Gemma Frisius e tornou-se amigo próximo do Cartógrafo Gerardus Mercator. Retornou à Inglaterra com uma coleção importante de instrumentos matemáticos e astronômicos.
Quando Elizabeth assumiu o trono, em 1558, Dee tornou-se seu conselheiro para questões astrológicas e científicas, inclusive tendo escolhido o dia da cerimônia de coroação. Dee foi o responsável por ter escolhido, por meio da Astrologia, o dia mais favorável para sua coroação. John Dee foi muito mais do que um simples conselheiro oculto da rainha Elizabeth I.
Da década de 1550 à de 1570, serviu como um conselheiro às viagens de descoberta da Inglaterra, fornecendo auxílio técnico na navegação e o apoio ideológico à criação de um Império Britânico (Dee foi o primeiro a usar o termo).
Em 1564, inspirado na Steganographia (alfabeto secreto) de Jean Tritheme (1462 – 1516), uma figura da Renascença germânica que foi um dos mestres de Paracelso (1493 – 1541), Dee escreveu o tratado hermético Monas Hieroglyphica (A Mônada Hieroglífica), uma interpretação cabalística exaustiva de um glifo (figura que dá um tipo de característica particular a um símbolo específico, freqüentemente gravada ou cinzelada em relevo) criado por ele mesmo, numa tentativa de expressar a unidade mística de toda a criação. Este trabalho foi altamente valorizado por muitos dos contemporâneos de Dee, mas a perda da Tradição oral secreta de Dee tornou o trabalho difícil de ser interpretado nos dias atuais.
No começo da década de 1580, crescia a insatisfação de Dee com seu pouco progresso em aprender os segredos da Natureza. Começou a se voltar para o sobrenatural como meio de adquirir conhecimento. Especificamente, tentou entrar em contato com Anjos através do uso de uma bola de cristal, que agisse como um intermediário entre Dee e os Anjos. As primeiras tentativas de Dee não foram satisfatórias, mas em 1582, encontrou-se com Edward Kelley, que o impressionou extremamente com suas habilidades. Dee pôs Kelley a seu serviço e começou a devotar todas as suas energias à, por assim dizer, suas perseguições sobrenaturais. Estas conferências espirituais eram conduzidas sempre após períodos de purificação, de preces e de jejum, pois Dee estava convencido dos benefícios que ambos poderiam trazer à Humanidade. Dee dizia que os Anjos lhe ditaram muitos livros desta maneira, alguns em uma espécie de Língua Angélica ou Enochiana.
Dee terminou seus dias desprezado por seus companheiros por ser considerado um mago maligno. Saiu de Manchester em 1605. Nesta época, Elizabeth já morrera, e James I, antipático a qualquer coisa relacionada ao sobrenatural, não lhe auxilou de forma alguma. Dee passou seus últimos anos de vida na pobreza, em Mortlake, onde morreu ou no fim de 1608 ou início de 1609. Infelizmente, tanto sua lápide quanto qualquer documento que ateste seu óbito são desconhecidos. Seja como for, alguns ocultistas acreditam que Dee, tanto quanto Fernando Pessoa (1888 – 1935), tenha sido um membro da organização The Seven Circle, e fantasiam que também, presumidamente, tenha sido um agente infiltrado sob o código 007, um Mestre Secreto, acompanhado de seu pupilo, o famoso escritor Sir Francis Bacon. Por isto, é considerado meio que o primeiro James Bond. Presentemente, Dee é visto como um estudioso sério, e apreciado como um dos homens mais instruídos de seus dias.
A MÔNADA HIEROGLÍFICA DE JOHN DEE
A Mônada Hieroglífica é um tratado hermético que faz uso de Astrologia, Alquimia, Cabala, Geometria Euclidiana e Magia, a fim de descrever a base do ser, o átomo espiritual, eterno e único — a Mônada.
O termo é neoplatônico. Plotino atribui à Mônada uma semelhança com o Uno, estando este presente em todas as Mônadas. Esse conceito foi reutilizado por Giordano Bruno, em quem, possivelmente, Dee buscou sua inspiração. John Dee foi um Mago Cientista.
Dee é considerado, também, um dos maiores especialistas em Geometria Euclidiana, a ponto de ser autor do prefacio da obra de Euclides, Mathematicall Praeface to Euclid’s Elements. Foi preso por conjuração, em 28 de maio de 1555, sendo acusado de atentar contra a vida da rainha, na época, Mary Tudor, e de praticar outros malefícios. Ao mesmo tempo, mantinha correspondência com Elizabeth, que viria a suceder Mary Tudor.
Um dos fatos mais importantes na vida mágica de John Dee foi o seu encontro com Edward Talbot, posteriormente Edward Kelley. Este era uma pessoa de reputação duvidosa. Teve suas orelhas arrancadas como punição por seus crimes, que incluiam forjar documentos e falsificar dinheiro. Outra acusação foi da prática da necromancia, que, por sua vez, foi associada a imagem de Dee, mas, ao que tudo indica, indevidamente.
Kelley logo foi empregado por Dee como vidente. A dupla criou um dos mais possantes sistemas de Magia, as chamadas Enoquianas. Dee acreditava que eles haviam conseguido resgatar o sistema de Magia usado por Enoch. Justamente o Livro de Enoch e que trata da 'Queda dos Anjos', que ensinam a humanidade artes como a Matemática, Astronomia e a Magia.
A Mônada Hieroglífica foi publicada em 1564 e, nesse mesmo ano, é apresentada a rainha Elizabeth, embora a obra seja dedicada ao Imperador Maximiliano.
Esta obra destaca a influência dos Signos e a importância do Sol e da Lua para a Mônada, em conjunção com a proporção decimal da Cruz. Todos os Rituais descritos têm um fundamento cabalístico, trazendo conhecimentos de grande importância para seus estudiosos.
Em sua Mônada Hieroglífica, Dee também oferecerá ao leitor um conhecimento filosófico e cultural acerca da influência de todos os planetas na atuação do puro espírito mágico, por sua virtude espiritual, realizando a obra de albificação no lugar da Lua. É uma obra de grande aprendizado, que revela descobertas fantásticas a respeito dos símbolos.